quarta-feira, 9 de março de 2011

REFLEXÃO ABREVIADA SOBRE A CONCEPÇÃO MATERIALISTA DA HISTÓRIA: HOBSBAWM EXPLICA

            O objetivo deste pequeno texto é apenas fazer uma breve colocação sobre a importância de Marx para a História. Faz-se necessário esclarecer que a visão que é aqui apresentada é consideravelmente resumida, dada a proporção da relevância do tema para estudos diversos. Não se objetiva, portanto, fazer um confronto entre autores sobre as teorias preconizadas por Karl Marx, mas sim apresentar, de maneira sintética, alguns conceitos encontrados na sua obra e que são relevantes para a produção historiográfica e que foram destacados por um historiador marxista.
Feitas as devidas considerações iniciais, voltem-se as atenções para o “Mestre e inspiração” do Historiador: é assim que Hobsbawm designa o papel de Karl Marx para a História. “O Capital” foi tão importante que é difícil encontrar outra grande obra depois dele para comparar! Embora Marx tenha escrito pouco de História, propriamente, ele influenciou até mesmo alguns autores da Escola Francesa que sempre se mostrou cheia de valores nacionalistas.
            Então em que implicaria a relevância da obra de Karl Marx para a produção historiográfica? Hobsbawm responde objetivamente: o método. Esta é a grande dívida que o historiador possui para com Marx: a maneira de perguntar, o método de produzir história. Apesar de não escrever História, Marx justapunha seu método a problematizações concretas e influenciou as produções historiográficas por meio de sua teoria geral da concepção materialista da História.
Grosso modo, esse conceito se desenvolveu quando Marx e Engels criticavam a ideologia e filosofia alemãs. Nesse sentido, a crítica voltava-se contrariamente à “crença de que ideias, pensamentos e conceitos produzem, determinam e dominam os homens, suas condições materiais e sua vida real”[2]. Se se fosse reduzir a uma frase a concepção materialista da História seria assim, segundo Hobsbawm repetida de diversas maneiras: “não é a consciência que determina a vida, mas A VIDA QUE DETERMINA A CONSCIÊNCIA”[3].
            Sendo assim, convém pontuar sobre a concepção materialista da História:
1.      Fundamenta-se no processo concreto de produção;
2.      Abrange relações associadas a esse processo e instituídas por esse modo de produção;
3.      “É o conjunto complexo de relações mutuamente dependentes entre natureza, trabalho, trabalho social e organização social”;[4]
4.      Constitui o fundamento da elucidação da História.
Dessa maneira para compreender o Materialismo é preciso entender que, sob essa perspectiva, para analisar uma determinada sociedade, deve-se levar em conta o seu modo de produção dentro de seu desenvolvimento histórico. É necessário abranger as relações entre homem e natureza e como esta é modificada a partir do trabalho humano, bem como perceber a maneira como a sociedade mobiliza, difunde e dispõe o trabalho.
Por último, é importante ressaltar o conceito de modo de produção para completar esta breve reflexão: um “agregado das relações produtivas que constituem a estrutura econômica de uma sociedade e formam o modo de produção dos meios materiais de existência”[5].
Há muito que se estudar sobre o guia da História – a concepção materialista – segundo Hobsbawm. Desde as teorias sobre as relações de produção, as classes sociais, entre outras, compreender Marx não é uma empreitada que se faz em um livro, muito menos em duas páginas. Mas abarcar tudo sobre Marx não foi o objetivo dessas linhas, e isso já foi dito no início.



[1] HOBSBAWM, Eric. Marx e a História. In: Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
[2] HOBSBAWM, Eric. Marx e a História. In: Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 174.
[3] HOBSBAWM, Eric. Marx e a História. In: Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 174.
[4] HOBSBAWM, Eric. Marx e a História. In: Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 175.
[5] HOBSBAWM, Eric. Marx e a História. In: Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 179.

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