domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sala de Guerra

Aos interessados em assuntos relacionados à História Militar, especialmente, que dizem respeito à Segunda Grande Guerra, vale à pena uma visita à página www.saladeguerra.net. O administrador Júlio César Guedes atualiza sempre com novidades sobre os remanescentes daquele conflito. Confiram!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Na cama com Karl Marx ou Karl Marx até na cama?


Às vezes alguns termos ou conceitos me fazem ficar horas queimando neurônios. Há anos que estudo História e conceitos que são pertinentes a essa disciplina. Muitas vezes, são termos que todo mundo está cansado de saber, inclusive eu, mas que quero e quero de novo ouvir ou ler sobre eles para digeri-los melhor.
Dia desses, quem andou me perseguindo foi o tal do Materialismo e a Concepção Materialista da História. Estava estudando para uma prova dessas que eu precisava entender bem sobre essas expressões. Já ouvi alguém dizer que “é um absurdo um historiador receber seu diploma sem ter lido O Capital”. Deve ser mesmo, mas confesso que nunca li. Conheço Marx pelas beiradas, por outros autores, por ouvir dizer, pelas obras que trabalham teoria da História, entre outras.
Deve ser por isso que Marx andou me perseguindo dia desses. Era madrugada, eu já tinha ido dormir fazia tempo. Meu marido, que tinha ficado preparando aulas até àquela hora, foi dormir e eu sonolenta depois de dar um beijo de boa noite, perguntei: “meu bem, tenho uma pergunta muito incômoda para fazer... incômoda para o horário... chega a ser indecente para esse horário...”. Percebi que ele ficou desconcertado... era tarde...  talvez ele tenha pensado, será que eu iria discutir o casamento naquela hora? Nem sei o que ele pensou. Só sei que ele se afastou um pouco e respondeu: “Claro, amor. Pode perguntar”.  Aí perguntei: “Você pode me explicar, como se fosse para uma aluna no colegial, que entende quase nada de teorias filosóficas, o que é materialismo histórico?”
Nessa hora, acho que ele pensou no mínimo que eu tinha surtado. Eram duas da madrugada e com tanta coisa que um casal pode conversar nessas horas, eu perguntava logo sobre Karl Marx! Educadíssimo, como sempre, o meu paciente esposo – para quem não conhece é o Professor Samuel de Jesus Duarte, exegeta bíblico, (graduado em Filosofia, Mestre e Doutor em Teologia Bíblica) – começou a definir o Materialismo e etc... eu digo etc porque eu, já disse, estava sonolenta e nem me lembro direito tudo que ele me falou... só me lembro do outro dia. Eu acordei com vergonha da cena que protagonizei. E pior, por ter levado Marx para nossa cama! Tinha que ter estudado até as duas da manhã para não cometer tal gafe.
Corri logo cedo para meus livros e o primeiro que encontrei foi Eric Hobsbawm, “Sobre História”. O que eu precisava saber mesmo, “bem sabido”, era sobre a Concepção Materialista da História sobre o que o autor da Escola Inglesa fala de maneira bem clara no capítulo “Marx e a História”. Ficamos rindo a semana inteira do episódio. Eu podia falar muitas coisas naquela hora, mas saiu isso. Só eu mesma!
Diante disso, achei prudente pesquisar um pouquinho mais sobre o tema. Na próxima coluna, postarei um texto sobre Marx na perspectiva historiográfica de Eric Hobsbawm. Além disso, desafio aos historiadores e filósofos de plantão: quem já tiver lido “O Capital” pode postar na nossa página seu comentário sobre o livro. Acho difícil de aparecer quem o tenha feito. No entanto, está lançado o desafio.
Por Magdarita Duarte

Nesta coluna de hoje, cedo este espaço ao amigo Gefferson Ramos que pediu para homenagear um amigo historiador. O texto é do próprio Gefferson.

Ao Edeílson, amigo fraterno, amigo eterno

Posso precisar muito bem quando conheci Edeílson Matias de Azevedo. Foi num dos tradicionais Encontros Regionais de História – as nossas ANPUH's – em Juiz de Fora no mês de julho de 2004. Lembro-me até da ocasião. Era um domingo e depois de uma cansativa viagem de Montes Claros a Juiz de Fora, me acomodei, juntamente com os colegas do curso de História da Unimontes, nas instalações que a Universidade havia disponibilizado no Campus, uma enorme sala onde todos dividiam o mesmo espaço. Na sala ao lado também se instalaria os acadêmicos de História da  Universidade Federal de Uberlândia. Logo mais a noite iríamos assistir a conferência de abertura num lugar bem distante do onde estávamos instalado e para chegar até lá o motorista que nos trouxe se encarregou de conduzir a todos de ônibus. Depois de já estarmos quase prontos, e prestes a partir, esperei do lado de fora da sala onde comecei a conversar informalmente com um rapaz, que entre uma pergunta e outra, quis saber como iríamos para a conferência, pois ele, assim como todos da sua delegação, não tinham tido a mesma sorte que a gente. Era o Edeílson, e perguntou sobre a possibilidade de uma carona, o que foi plenamente possível. Como alguns dos nossos não quiseram ir ao evento, mais alguns dos seus se juntaram a nós. O resultado foi que as duas delegações acabaram indo juntas no mesmo ônibus e tudo isso por conta do Edeílson. Esse gesto só mostra uma de suas maiores virtudes: seu enorme espírito coletivo. Tenho certeza que ele jamais se arrogaria como responsável por pequenos gestos como esses, mas que são reveladores da verdadeira alma humana. Era uma pessoa generosa.
Naquele ano de 2004, Edeílson já cursava o mestrado com o instigante tema da Inconfidência Mineira. Não bastasse a afinidade pessoal, houve também uma afinidade temática, já que pretendia estudar a série de revoltas que se passaram no sertão do rio São Francisco em Minas Gerais , mais conhecidas como Motins do Sertão de 1736. Dali em diante nos tornamos amigos, e criamos uma interlocução. Como tinha a intenção de levar esse estudo à frente, dele recebi os mais sinceros estímulos, além do que, em nossas conversas percebi que se tratava de alguém que enxergava na pós-graduação, não uma via de ascensão social, mas uma via de transformação social.
Como preparação para os estudos que pretendia desenvolver redigi o texto “Revoltas Coloniais x Revoltas Provinciais. Rupturas e continuidades (séculos XVIII-XIX)” que foi inteiramente comentado por ele de forma minuciosa. Esse permanece o texto em que devoto minha maior consideração, pois foi fruto do debate, do diálogo, como deveria ser de praxe, não fossem as pressões cada vez maiores por produção, os prazos sempre apertados, o que, muitas vezes, compromete as discussões mais aprofundadas.
Durante seu mestrado, muito modestamente, sugeri bibliografias complementares, enviei artigos que a sua biblioteca não podia contar, e que veio a incorporar no seu texto. Uma pequena contribuição, pois retribuir sua generosidade a altura era mesmo um desafio. Tratava-se de uma alma generosa, sempre disposta a ajudar.
Mas sua colaboração não parou na leitura crítica de um artigo e dele pude ainda contar com os comentários, correções e sugestões no projeto de mestrado que submeti a Universidade Federal Fluminense em 2007, tendo a felicidade de ter sido aprovado. Não tenho dúvida de que foi a partir de contribuições como a dele que pude ser aprovado no mestrado. Dias depois recebi em minha casa sua ligação me parabenizando por esse verdadeiro rito de passagem.
Pela proximidade temática de nossas pesquisas percebo os seus estudos, em especial sua dissertação de mestrado, “Minas Insurgente: conflitos e confrontos no século XVIII”  (2006), inseridos numa vertente mais recente de trabalhos sobre a Inconfidência, mas que nem por isso deixa de dialogar com os clássicos sobre o assunto, situando-os enquanto fruto de uma época, de seu tempo. Isto por que, como o próprio admitira certa vez, para se afirmarem, certos historiadores costumam negar a geração anterior; quando não, determinados trabalhos se mostrarem destituídos de crítica em virtude de interesses corporativos. Naquela que foi a última vez em que nos falamos pessoalmente, quando da ANPUH na UFMG em 2008, disse que se encontrava cansado com esse tipo de postura arrogante que se disseminava cada vez mais na academia. Mostrava-se crítico, não por que detestava esse ambiente, mas porque queria transformá-lo, melhorá-lo, superá-lo.
 
É possível mensurar a sensibilidade do historiador por meio das escolhas que faz e nisso Edeílson Matias tinha visão aguçada. Escolher como tema de estudo para doutorado um personagem  que até hoje é vitima de detratação, cujo nome no país virou sinônimo de traição, é assunto somente para aqueles que possuem antes de tudo muita ousadia. Apenas para se ter uma idéia da opção que fez Edeílson, um dos mais influentes historiadores da atualidade, o pernambucano Evaldo Cabral de Mello, já chegou a admitir em conferências, ainda que de maneira bastante informal, de que se existe um verdadeiro herói na Inconfidência Mineira, seria o Joaquim Silvério dos Reis, para quem se deveria erguer uma estátua, segundo sua opinião. (O comentário foi a mim revelado por um amigo pessoal). É certo que esse importante historiador faz afirmações nesse sentido num tom bastante provocativo, com a finalidade de descredibilizar o movimento mineiro e enaltecer a insurreição pernambucana de 1817, mas isto não deixa de significar uma tentativa de chamar atenção para a necessidade de se estudar figuras como a de Joaquim Silvério dos Reis, que diga-se de passagem não fora uma figura isolada em eventos dessa natureza. Todo protesto tem por essência seu delator que se preze. Tentar reabilitar a pessoa de Joaquim Silvério era o desafio que se propusera Edeílson em sua tese. Perdem todos por não contar com a sua inteligência para retirar da penumbra essas figuras obscuras de nossa história. Tenho certeza de que não faltará candidato a dar seguimento a esse tema. Uma oportunidade terá o que tiver contato com o que deixou escrito a respeito. Oportunista será aquele que vier a desenvolver esse assunto sem mencionar o seu pioneirismo.
Apesar da nossa constante troca de e-mails e bate-papos pelo msn vim a encontrá-lo pessoalmente  apenas na ANPUH de Belo Horizonte em 2008, como foi mencionado, mas pensando bem, por pouco, não nos tornávamos amigos bissextos! Bem que houve oportunidade para que voltássemos a nos falar mais uma vez em 2009, quando, felizmente, em razão de um amigo em comum, o Alessandro Almeida, o trouxe à Montes Claros, onde juntos ministraram um mini-curso na Unimontes. Infortunadamente em razão de contratempos não pudemos nos ver.
 
Esses imprevistos de modo algum enfraqueciam os laços de uma amizade, que se formou praticamente a distância, nem tampouco perdia o ímpeto da discussão acadêmica para quando fosse o caso. A esse respeito posso dizer que perdi um franco interlocutor. Já encontrava-se em suas mãos mais um artigo meu para seus comentários. Era mais um escrito que fizera livre de pressões, de prazos, e pelo puro questionamento que a história nos ensina a conviver. Da nossa derradeira conversa virtual, disse que já estava lendo o texto e que em breve enviaria. Isso se passou numa sexta feira e na ocasião remeti a ele a programação do Seminário de História Política da UERJ, que adorou a idéia e disse que viria, pois ainda tinha algum recurso da sua bolsa. Sua última frase foi “rola hospedagem?”, o que não foi possível responder pois logo se desconectou, mas que agora respondo: “rola” sim hospedagem meu caro amigo Edeílson, nas nossas mentes, pensamentos e corações. O meu muito obrigado por tudo, e você não deveria ter partido dessa maneira, sem nos permitir, sem nos dar sequer a chance de tentar retribuir ao menos um pouco do tanto que fez pela gente. Fique com  Deus!
 
Gefferson Ramos Rodrigues
Rio, julho de 2010.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Dica de Leitura: uma visita à página da Revista de História da Biblioteca Nacional

O historiador e amigo Gefferson Ramos publicou texto 
sobre a Casa das Minas do Maranhão. O trabalho está relacionado 
a manifestações culturais e religiosas afro-brasileiras. 
Para quem aprecia a história do soar dos tambores 
da mãe África, vale a pena conferir! 
Segue o link: