domingo, 4 de dezembro de 2011

A norma e a bolsinha de rabinho


            Há algum tempo, andando com meu esposo por uma dessas galerias de lojas que há em Montes Claros, deparamos com uma situação engraçada, para não dizer fora do comum – pelo menos para mim: era uma criança conduzida pela mãe como se fosse um cachorrinho. Ainda que considere a capacidade inventiva dos elaboradores dos produtos que aparecem no mercado hoje em dia, sempre surge algum que me surpreende. E a criatividade da vez foi a bolsinha de rabinho. Explico: trata-se de uma mochila minúscula com aparência de um urso, de um cachorro ou mesmo de uma pequena bolsa, que possui uma corda que se assemelha a um rabo de animal. De fácil uso, o apetrecho pode ser colocado no dorso da criança enquanto alguém segura a cordinha. A criança fica presa à mochilinha como um cachorrinho a uma coleira. Quanto maior a liberdade que se quer dar, mais se solta a corda.
            No caso que vimos, a criança parecia se sentir livre e feliz! Ela podia andar vários metros na circunferência em que estavam os pais. Isso dependia da quantidade de “corda recebida”. A pequena rodava, brincava, sentava no chão, ia até o limite dado e, quando não podia seguir, ia para o outro lado. Embora achando curiosa a situação, pensamos até que seria útil para quando tivéssemos o nosso bebê.
            Tempos depois voltamos a falar do assunto quando discutíamos acerca dos limites impostos pela norma. A liberdade que o ser humano pensa ter é limitada e isso independe do lugar em que esteja. As normas restringem o alvedrio do homem e ao mesmo tempo o faz sentir-se livre e feliz! Os mais iludidos com o “poder fazer o que quiser” são os cidadãos dos Estados Democráticos de Direito. Acham que podem escolher seus representantes, que podem ir e vir, que têm liberdade de expressão e por aí vai. E dessa crença nasce o preconceito aos outros que não vivem em democracias, que estão submissos a regimes teocráticos ou fortemente ligados à religião.
É verdade que o diferente, muitas vezes, parece absurdo. Também é fato, que a norma quando apresentada com o rosto de proposta e não de imposta se torna natural rapidamente. Pensar o quanto sou livre e o quanto falta autonomia ao outro depende da maneira como a norma foi apresentada. A diferença ou a divergência que preexistira à criação da norma e que a deu origem deixa de ter sentido. Não há como viver em sociedade sem que haja algum desacordo que mereça e careça de uma regra para ajustar a desavença. [1]
Dessa forma, onde há convívio social há normas e, portanto, controle. E se há controle, há, obviamente, limite de liberdade. Eu só vou aonde o ente normalizador quer que eu vá. Assim como só faço o que está previsto. Se o fizer diferente a norma aparece para me mostrar o deslize e que sanções me serão impostas em caso de desobediência. A bolsinha de rabinho está para todos.


[1] Ver CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico.Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

domingo, 14 de agosto de 2011

Encontro de História - UNIMONTES

Ocorreu na semana passada o VIII Encontro de Estudantes de História e I Encontro de Pós-Graduandos em História da Unimontes. O evento foi prestigiado pelas professoras Heloísa Buarque de Almeida (USP), Maria Amélia Garcia (UFG) e Mariana Libânio (Ohio University). Cada professora proferiu conferência sobre assuntos diferentes, mas todos relacionados ao tema do encontro que era "História e Identidades".
A professora Heloísa apresentou o tema "Identidades e diferenças numa visão antropológica" por meio de "dois eixos de discussão: a) identidade étnica e b) o problema da identidade e da diferença em termos das políticas identitárias e dos marcadores sociais da diferença - raça/cor, gênero, sexualidade, geração, etc" (palavras da própria professora).
Já a professora Maria Amélia Garcia mostrou, com entusiasmo, o estudo em que analisa o sertão na perspectiva de Guimarães Rosa, de Euclides da Cunha e de Hugo de Carvalho Ramos. O título da conferência foi "A identidade sertaneja na literatura regionalista: Rosa, Euclides e Hugo de Carvalho Ramos". No dia 12/08, sexta-feita, ocorreu o fechamento do evento com workshop e palestra da professora Mariana Libânio. Os estudiosos e entusiastas da história das mulheres bem como da escravidão - e todos que estavam por lá - tiveram a oportunidade de ouvir e aprender um pouco mais sobre o tema "Mulheres de origem africana e estratégias sucessórias nas Minas Setecentistas". A apresentação foi de alto nível. No entanto, muita gente perdeu a oportunidade de não só prestigiar o evento, mas também participar do que está acontecendo do mundo da pesquisa histórica.
Parabéns a todos que apresentaram seus trabalhos por meio de comunicações e que não perderam a oportunidade de crescer um pouquinho mais na pesquisa.

domingo, 7 de agosto de 2011

As músicas atuais e as mulheres

Já recebi três ou quatro vezes um e-mail daqueles estilo "corrente" sobre a "evolução" da música no Brasil. A mensagem diz das diversas músicas usadas na arte de conquistar as mulheres desde a década de 30 até os dias atuais. Isso me fez lembrar mais vez o polêmico assunto sobre o famigerado projeto da Dep.Luiza Maia da Assembleia Legislativa da Bahia.
A maneira como boa parte da imprensa televisiva (destaque para a Rede Globo) mostrou o assunto foi impressionante! A maior parte das pessoas entrevistadas eram contra o projeto da Deputada. As pessoas mal sabiam do que se tratava de fato...
O projeto que visa à proibição de o Estado contratar bandas denigram a imagem das mulheres não é algo absurdo! Não contraria o direito de expressão ou mesmo a liberdade dos artistas! O projeto da Deputada Luiza Maia apenas é coerente com as mais recentes discussões sobre direitos humanos, especialmente, os direitos das mulheres. Um Estado que possui leis que não admitem a violência contra as mulheres também não pode ser conivente e pagar a artistas para que falem delas como objeto de erotismo ou afins.

Em nenhuma das reportagens transmitidas foi enfatizado que o que se quer proibir é que o Estado contrate esses artistas! Frisou-se apenas que seriam proibidas as tais músicas!
Têm-se a consciência que a cultura do erotismo é comum em grande parte da história do Brasil. Acabar com isso é tarefa impossível! No entanto, não se está dizendo acerca de acabar com uma cultura de séculos... o que se reivindica é a verdadeira evolução da justiça. Se há leis que persigam o escopo de proteção de alguns direitos que as mulheres levaram anos para conseguir, por que iremos regredir? Não faz sentido! É uma questão de coerência! Uma pena que o que transmitido à população não corresponde aos seus verdadeiros interesses, mas sim aos de grupos privilegiados.
Será por quanto tempo vamos continuar nos deixando manipular?

Temos que acordar e agir! Não para reações feministas, mas para a reivindicação dos direitos humanos!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE

O Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina promoverá o I Seminário Internacional História do Tempo Presente.O evento será em novembro deste ano. O link para a página de divulgação é  http://www.seminariotempopresente.faed.udesc.br/index.php
As inscrições ficam abertas até o dia 20/06.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Encontro de História - UNIMONTES

Já estão abertas as inscrições para o VIII Encontro dos Estudantes de História da Unimontes. Este também será o I Encontro da Pós-Graduação em História da instituição. O link abaixo abre a página do evento. Participe!
http://encontroestudanteshistoria2011.webnode.com.br/

domingo, 3 de abril de 2011

Monografia – Parte II: o Projeto

            Os problemas apresentados na matéria anterior precisam de atenção especial no decurso da confecção do projeto de pesquisa bem como na escrita da monografia. Hoje, o tema é a elaboração do projeto. É necessário, mais uma vez, esclarecer que estas são apenas dicas para a composição do trabalho. Para aprofundar o estudo, serão disponibilizadas referências bibliográficas nas notas finais.
            Em primeiro lugar é imprescindível a participação das aulas de Metodologia Científica! Parece óbvia demais esta afirmação. No entanto, não é raro que estudantes com dificuldades para usar as normas que regem a produção acadêmica deixem de lado essas aulas.  Existem muitas obras que tratam da normatização – além de ver todas as aulas de Metodologia, é bom ter algum manual por perto.
Se possuir dificuldades para escrever, não tente dificultar seu trabalho com termos difíceis. Seja objetivo! O projeto não precisa ter trinta páginas. Cinco páginas, nem pensar! Quinze páginas, incluindo a bibliografia, é um bom tamanho. Diferente disso, o seu orientador dirá o tamanho adequado do trabalho. Então, mãos à obra!
            Basicamente, o projeto de pesquisa (e aqui se pensa a elaboração do trabalho para o curso de História, principalmente) precisar possuir:
- Título
- Introdução
- Delimitação do tema
- Justificativa e Relevância
- Objetivos
- Quadro Teórico
- Fontes e Metodologia
- Cronograma
- Bibliografia
O TÍTULO deve ser claro e objetivo. Só “floreie” se o seu orientador permitir. Cuidado com títulos que falem mais que o trabalho, que abarque situações mais amplas que a pesquisa pode oferecer.
Na INTRODUÇÃO, exponha o contexto histórico do seu projeto de pesquisa – da monografia. Apresente, de maneira geral, o período (séculos ou décadas, por exemplo) do seu trabalho e, gradualmente, comece a falar do seu objeto. De acordo com Barros, nesta parte,

deverá ser mencionado – de modo ainda não aprofundado – o Tema com suas especificações mais fundamentais (incluindo recorte temático e espacial), as fontes principais, alguns indicações metodológicas e teóricas, e também um ou outro aspecto associado à justificativa ou viabilidade da Pesquisa.[1]

O item DELIMITAÇÃO DO TEMA compreende a proposta direta de sua pesquisa. Há que se ter muito cuidado no desenvolvimento deste tópico. Umberto Eco adverte os iniciantes da pesquisa a não escreverem sobre temas amplos demais.[2] Quando o recorte é mais limitado no tempo e no espaço, torna-se menos complexo falar mais sobre o tema. Neste tópico, responde-se a pergunta “o que fazer” e estabelece-se, desta maneira, o problema.[3]
No tópico JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA, deve-se responder a questão relacionada ao porquê de fazer um projeto com aquele tema. É fundamental que seja indicada a facilidade do acesso às fontes e à bibliografia. Também é interessante fazer menção a interdisciplinaridade: que outras ciências irão ajudá-lo, de maneira geral, na produção do trabalho? Além disso, qual a importância do desenvolvimento desse trabalho para a História?
Os OBJETIVOS devem ser divididos em geral e específicos. Neste caso, use sempre o verbo no infinitivo e enumere os seus objetivos. Por exemplo, um objetivo geral, de um trabalho que já desenvolvi: Compreender a organização dos elementos que compunham o projeto político e institucional da Igreja Ocidental, notadamente, no que diz respeito à concepção dos princípios papais de governo na visão de Gregório VII, presentes no seu discurso como instrumentos de legitimação do seu poder.
Segundo Barros, a pergunta a ser respondida no item “objetivos” é “para que fazer?” aquela pesquisa.[4] Talvez seja esta a parte mais fácil e simples do projeto.
No QUADRO TEÓRICO deverão ser expostos alguns conceitos relevantes para o trabalho. Isso vai depender de cada tema estudado. Esses conceitos mostrarão sob que ótica o tema está sendo estudado. É a partir do quadro teórico que serão apresentadas diferentes perspectivas de outros autores sobre conceitos mais gerais relacionados ao tema. Exemplos de conceitos a serem apresentados: Poder, Política, Religião, Regionalismo, ou ainda, Cultura, Identidades, Representações, etc. Muitas vezes, em um trabalho de graduação, alguns orientadores são menos rigorosos com essa parte conceitual, por se tratar, a monografia, de um trabalho de menor complexidade. Dessa forma, o conselho é que converse muito com o seu orientador sobre isso.
Mais uma vez, recorrendo às perguntas de Barros,[5] o item FONTES E METODOLOGIAS responde a três questões básicas: a) Com que materiais? b) Com que instrumentos? c) De que modo fazer?
Esta fase é importante porque remete a um problema fundamental da monografia: às fontes que darão suporte ao desenvolvimento do trabalho e à maneira por meio da qual se fará a leitura das ditas fontes. Que documentos serão analisados? Qual é a data deles? Onde estão disponíveis? É de fácil acesso? De que maneira os documentos serão apreciados? A resposta a esta última pergunta deverá ressaltar os métodos de análise dos documentos. Todos esses questionamentos deverão ser respondidos nesse tópico.
            Tenha muito cuidado ao ler um documento! Procure ler suas entrelinhas! Entenda o contexto histórico em que foi construído e quais as possíveis intenções de quem o produziu naquela época! Seja crítico na análise das fontes. Marc Bloch lembra que as provas documentais são frágeis e podem induzir à mentira e ao erro.[6]
No item CRONOGRAMA, fique atento às datas exigidas pela sua instituição. Nesse sentido, faça uma programação particular de leituras e escrita para que termine o trabalho e o apresente pelo menos três meses antes de sua formatura.
Segue um exemplo pessoal de cronograma:
1. Verificação da disponibilidade da bibliografia
2. Leitura e análise da bibliografia
3. Verificação das fontes
4. Análise e confronto das fontes
5. Confronto entre bibliografia e fontes
6. Elaboração da Monografia
7. Apresentação do trabalho
  2011 –2012
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BIBLIOGRAFIA: as referências dentro das normas técnicas às fontes e aos livros que foram utilizados no projeto e, pelo menos, parte dos que serão utilizados no trabalho deverão aparecer neste tópico. Para isso, consulte um manual de normas técnicas. Pode ser que seu professor de Metodologia Científica, ou mesmo seu orientador, possua um. Ao contrário, na biblioteca deve haver.
Além dos livros citados nas notas abaixo, outros poderão ajudar na elaboração da monografia do curso de história:
BARROS, José D’Assunção. O campo da História: especialidades e abordagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004
BASTOS, Dau. Monografia ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
CHALHOUB, Sidney. Visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p. 13 – 28.
Boa sorte!
Até mais!


[1] BARROS, José D’Assunção. O projeto de pequisa em História. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. p. 24.
[2] ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 8
[3] BARROS, José D’Assunção. O projeto de pequisa em História. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. p. 20.
[4] BARROS, José D’Assunção. O projeto de pequisa em História. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. p. 20.
[5] BARROS, José D’Assunção. O projeto de pequisa em História. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. p. 20.
[6] BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da História, ou, O ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. p. 89 – 96.

domingo, 20 de março de 2011

A TORTURA DA MONOGRAFIA


Embora seja retórico afirmar que um dos grandes problemas enfrentados por acadêmicos de diversos cursos superiores é a confecção da monografia, esse assunto, justamente por essa razão, precisa estar em contínua discussão. Sendo assim, objetiva-se trabalhar de maneira concisa alguns pontos que, talvez, possam ajudar aqueles estudantes que não conseguem fazer o trabalho de conclusão de curso.
            Para tanto, a identificação dos motivos do insucesso de muitos estudantes no processo de composição do trabalho faz-se necessária. Seguem os pontos abaixo:

PROBLEMA I: A falta de inspiração.
Em primeiro lugar, pode ser citada uma das razões decorrente da afirmação de vários estudantes: “Eu não consigo escrever! Quando estou à frente do computador não tenho inspiração. Fico semanas sem saber como começar a minha monografia!”
            Achar que a monografia é inspiração divina é um problema! Os mais religiosos sabem que ninguém ganha o peixe pescado e assado, mas sim a rede de pesca. Deus não vai ditar, por intermédio do Espírito Santo, o texto para que seja digitado! Acha falar sobre isso um absurdo? Pergunte a dez acadêmicos e pelo menos um vai confirmar ter feito uma novena ou feito alguma penitência para conseguir fazer a monografia! Nada contra orações. O problema é que os prazos para entregar a monografia pronta não esperam. Reze, mas trabalhe duro! Afinal, Deus ajuda quem trabalha. Não é essa a exortação?
SOLUÇÃO I: Leia. Leia muito.

PROBLEMA II: Não ler.
            Talvez a falta de dedicação às leituras seja o maior de todos os problemas de quem quer fazer uma boa monografia. Não há o que escrever se antes livros e mais livros não tiverem sido devorados, ruminados, digeridos, entendidos a fundo. Aqui reside uma das maiores inspirações do acadêmico-pesquisador: a leitura. O problema é que os que apresentam as maiores dificuldades para fazer o trabalho não gostam de ler. E neste caso, os obstáculos advêm da falta de leitura, são consequencias disso. Dessa forma, não há como fugir dos livros.
SOLUÇÃO II: Visite a biblioteca, compre livros ou peça-os emprestados, e leia muito. Compre um caderninho de anotações. Faça pequenos resumos, copie e coloque entre aspas citações importantes e anote as referências da obra, para o caso de precisar citá-la posteriormente no seu trabalho. Leia e anote o que puder. Guarde o caderno de anotações como um tesouro: a utilidade dele é enorme! Agora ,se não gosta de ler, faça um curso técnico que exija pouca leitura. A academia exige que se leia muito!

PROBLEMA III: Não saber bem o que é uma monografia e ignorar que se trata do resultado de uma pesquisa.
            Não é outro absurdo: muitos alunos não sabem o que é uma monografia. Principalmente acadêmicos dos programas de educação à distância sofrem com esse problema. Só de ouvir falar que terão que fazer esse trabalho, muitos estudantes têm pesadelos. A “propaganda” que a monografia é um monstro devorador de estudantes universitários tortura muitos deles.
            Nesse caso, sem delongas, a conversa com professores de maneira aberta pode ajudar. Enquanto isso não acontece, talvez esta definição ajude: grosso modo, a monografia é um trabalho que inicia o acadêmico na pesquisa – daí o nome de iniciação científica. Normalmente, o aluno não faz o trabalho sozinho, há um professor que o orienta. Como não se trata de um trabalho comum, a monografia exige um projeto de pesquisa que é como um esqueleto do trabalho. É a partir do projeto e das propostas ali apresentadas que o trabalho será realizado.
No projeto, apresenta-se o assunto e justifica-se a relevância do seu estudo, dá-se a direção das leituras e dos objetivos a serem alcançados pela pesquisa, bem como se estabelecem prazos para realização e conclusão do trabalho. Por falar em pesquisa, é isto, sobretudo, que é uma monografia: a apresentação, por meio de um trabalho escrito, a conclusão de uma pesquisa.
SOLUÇÃO III: Possui dúvidas? Pergunte, pesquise, busque na internet o significado das coisas. Abuse da facilidade dos meios de comunicação para se manter informado. E, sobretudo, converse com seus professores. Eles lhe dirão o melhor caminho a seguir. Afinal, por isso e para isso é que são educadores, mestres, orientadores.

PROBLEMA IV: A fonte
             A verificação das fontes que serão base da pesquisa monográfica é outra das maiores inspirações do acadêmico. É da fonte que brota a pesquisa. São as fontes que mostram o caminho a seguir. É para as fontes que A PERGUNTA será feita e são elas que responderão à problematização do projeto. As fontes também darão o norte sobre que tipo de bibliografia deverá ser lida. Esse também é um grande obstáculo do acadêmico: a maneira de lidar com as fontes.
Muitas vezes, não se sabe nem a que fonte recorrer: se a arquivos particulares, se a arquivos oficiais, se a dados estatísticos, a fotos, a obras de arte, etc. Cada tipo de fonte exige um tratamento especial. Nesse caso, o desconhecimento do trabalho com as fontes pode dar ensejo a outro grande problema: não saber sobre o que se vai escrever.
SOLUÇÃO IV: Além de ler outras monografias, bem como obras que tratem sobre a confecção desse tipo de trabalho, vale conversar com seus professores sobre isso. Outra importante sugestão, talvez, ainda melhor: é a visita a arquivos públicos – esta, especialmente, para estudantes de história.  Nesses lugares, há inúmeras possibilidades de pesquisas proporcionadas pelos documentos ali guardados. A partir desses documentos, muitas luzes sobre o que será pesquisado e escrito surgirão no fim do túnel. Assim, além de se familiarizar com a leitura dos documentos, muitas ideias surgirão desse conhecimento. Só para dar uma pista, esses arquivos públicos podem ser encontrados em prefeituras municipais, câmaras de vereadores, universidades, etc.
            Em tempo, uma advertência: cuidado com a leitura dos documentos! Eles podem ser traiçoeiros! Há que se aprender a ler as entrelinhas, o contexto e o lugar em que foram produzidos, bem como apreender a intenção de quem os produziu, para se aproximar dos fatos. Dessa forma, novamente a exortação de ler outras boas monografias é lembrada.
            Outro ponto importante sobre trabalhar com as fontes é a questão da disponibilidade dos documentos-fontes. Antes que se proponha a trabalhar com esse ou aquele tema é essencial saber as fontes estão disponíveis. Se forem fontes publicadas, é importante saber a confiabilidade de quem as transcreveu e/ou as traduziu. Há que se observar se há viabilidade financeira para a realização do trabalho. Não adianta querer escrever sobre algo que se encontra no Museu do Ipiranga sem ter condições financeiras reais para ir lá pesquisar, a não ser que haja fontes publicadas confiáveis sobre o assunto. Mais uma vez a importância da confecção do projeto que ajudará a mostrar se a pesquisa é viável. A ajuda do professor orientador é fundamental para se estabelecer o que é viável para o prosseguimento do trabalho.

PROBLEMA V: Não conhecer bem a Língua Portuguesa e ter dificuldades de interpretação de texto
            Não é raro encontrar um estudante universitário que não saiba ler e escrever. Não se faz aqui referência às leituras e escritas básicas somente. A dificuldade para compreender e interpretar o que se está lendo e de escrever de maneira inteligível é também um grande obstáculo do acadêmico na hora de fazer a monografia. Esse é um problema real, basta fazer uma breve pesquisa com trabalhos curtos escritos por universitários. Os erros de gramática, de coerência e concisão e, principalmente, de interpretação são medonhos. O problema é que, muitas vezes, pensa-se que não é necessário conhecer a fundo a Língua Portuguesa para fazer um curso de matemática, de história ou de geografia ou mesmo de direito. Grande equívoco! Não há como parar de estudar a Língua Portuguesa se se quer comunicar bem por meio dela.
SOLUÇÃO V: Faça um bom curso de Português pelo menos a cada dois anos.  Faça um curso completo incluindo a parte de interpretação de textos, estilística e tudo o que estiver relacionado a esse assunto. Isso é urgente e fundamental! Independente de qual curso esteja fazendo: estude a Língua Portuguesa e leia muito! A leitura vai ajudá-lo no desenvolvimento das ideias e na ampliação do vocabulário que vai usar na escrita.

PROBLEMA VI: Ignorar a aula de Metodologia Científica
            Um problema que não deveria existir, mas existe é a pouca importância que muitos acadêmicos dão para as aulas de Metodologia Científica. É nessa aula que irão encontrar boa parte das ferramentas para trabalhar a monografia. Normalmente, o professor dessa disciplina apresenta as características dos trabalhos acadêmicos e os moldes a partir dos quais eles serão escritos. As normas de uso de outras obras, as citações, as referências a outros autores de maneira geral devem ser respeitadas. Confeccionar um trabalho acadêmico dentro das normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) fica bem mais fácil depois de uma boa aula de Metodologia Científica.
SOLUÇÃO VI: Óbvia: assista a todas as aulas e estude. Afinal, a postura acadêmica exige que, no mínimo, o aluno assista às aulas. Todas as disciplinas do currículo do curso são todas importantes, é por isso que estão lá.

PROBLEMA VII: Desinteresse por disciplinas teóricas
            Um grande problema na hora de entender questões relacionadas a conceitos e a teorias diversas é o desinteresse de muitos alunos por disciplinas como Filosofia, Sociologia e Antropologia, independente do curso que estejam fazendo. Além de objetivar dar uma formação mais humana aos acadêmicos, essas disciplinas oferecem a possibilidade do entendimento de conceitos relevantes na confecção do trabalho acadêmico. Não adianta coletar dados nas fontes se no momento de confrontá-los à bibliografia pertinente não se compreende diversos termos teóricos usados pelos autores. Dessa forma, uma boa base conceitual de Filosofia, Sociologia e Antropologia pode não resolver todo o problema do conhecimento teórico, mas facilitará a compreensão de muitos preceitos, de uma maneira geral.
SOLUÇÃO VII: Repete-se a solução VI - Óbvia: assista a todas as aulas e estude. Afinal, a postura acadêmica exige que, no mínimo, o aluno assista às aulas. Todas as disciplinas do currículo do curso são todas importantes, é por isso que estão lá.

PROBLEMA VIII: Estudar só para passar
            Ainda existe isso! Muitos alunos estudam somente às vésperas das provas para passar. A falta de postura acadêmica, a falta de vontade de saber simplesmente pelo conhecimento traz esse grande obstáculo. O acadêmico que estuda só para passar de período terá dificuldades, naturalmente, na hora de fazer sua monografia. Ele deixa de aproveitar a maior parte do que as disciplinas oferecem e que possibilitará a escrita de um bom trabalho.
SOLUÇÃO VIII: Não perca tempo! Aproveite tudo o que lhe for oferecido de conhecimento! Só assim aprenderá a descartar as informações que não são importantes. A solução VI continua valendo para esse problema.

PROBLEMA IX: O plágio
             Este também é um grande problema que pode atrapalhar a vida toda de um profissional. A facilidade de achar muitos textos pela internet leva muitos alunos a copiar monografias e trechos de textos sem fazer referência ao autor. Além de ser uma prática desonesta e feia (ridícula!) é ilegal. O plágio é um crime previsto em lei. Para conhecer melhor sobre a legislação acerca dos direitos autorais, consulte a internet: trata-se da Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.  Sendo assim, da próxima vez em que pensar em copiar o trabalho alheio, pense que além de ficar desmoralizado academicamente, poderá responder na justiça pelo crime de plágio.
SOLUÇÃO IX: Além de respeitar os direitos autorais, aprenda com a disciplina de Metodologia científica a fazer referência a outras obras e autores, sempre resguardando o seu direito de autoria, fazendo o uso correto das normas da ABNT.

PROBLEMA X: Desconhecimento de uma língua estrangeira
            Muitos temas estudados pelos acadêmicos exigem a leitura de obras produzidas em outras línguas. Seus trabalhos acadêmicos ficariam muito mais interessantes e mais completos se os alunos pudessem ler em inglês, em francês, em espanhol ou em outros idiomas. A falta de estudo de outras línguas ainda é um grande problema entre os estudantes universitários.
SOLUÇÃO X: Óbvia: mexa-se! Faça pelo menos um curso de inglês! Há cursos para todos os gostos e bolsos. Não importa a metodologia de ensino do curso, o importante é aprender pelo menos mais uma língua.

Mesmo superando todos esses problemas o nascimento da monografia continua sendo doloroso como um parto. Pensando nas dificuldades enfrentadas pelos estudantes universitários quando vão fazer o seu trabalho de conclusão de curso, será feita uma série de matérias que terão como escopo auxiliá-los na da sua monografia. Há que se ressaltar que os textos serão bem objetivos e servirão apenas como guia na produção do trabalho. A dedicação do acadêmico é a principal chave para a confecção de um bom texto. As soluções propostas acima são sugestões, mas também são princípios básicos para a conclusão da monografia com sucesso.

Até semana que vem.

Por Magda Rita R. de A. Duarte