domingo, 20 de fevereiro de 2011

Na cama com Karl Marx ou Karl Marx até na cama?


Às vezes alguns termos ou conceitos me fazem ficar horas queimando neurônios. Há anos que estudo História e conceitos que são pertinentes a essa disciplina. Muitas vezes, são termos que todo mundo está cansado de saber, inclusive eu, mas que quero e quero de novo ouvir ou ler sobre eles para digeri-los melhor.
Dia desses, quem andou me perseguindo foi o tal do Materialismo e a Concepção Materialista da História. Estava estudando para uma prova dessas que eu precisava entender bem sobre essas expressões. Já ouvi alguém dizer que “é um absurdo um historiador receber seu diploma sem ter lido O Capital”. Deve ser mesmo, mas confesso que nunca li. Conheço Marx pelas beiradas, por outros autores, por ouvir dizer, pelas obras que trabalham teoria da História, entre outras.
Deve ser por isso que Marx andou me perseguindo dia desses. Era madrugada, eu já tinha ido dormir fazia tempo. Meu marido, que tinha ficado preparando aulas até àquela hora, foi dormir e eu sonolenta depois de dar um beijo de boa noite, perguntei: “meu bem, tenho uma pergunta muito incômoda para fazer... incômoda para o horário... chega a ser indecente para esse horário...”. Percebi que ele ficou desconcertado... era tarde...  talvez ele tenha pensado, será que eu iria discutir o casamento naquela hora? Nem sei o que ele pensou. Só sei que ele se afastou um pouco e respondeu: “Claro, amor. Pode perguntar”.  Aí perguntei: “Você pode me explicar, como se fosse para uma aluna no colegial, que entende quase nada de teorias filosóficas, o que é materialismo histórico?”
Nessa hora, acho que ele pensou no mínimo que eu tinha surtado. Eram duas da madrugada e com tanta coisa que um casal pode conversar nessas horas, eu perguntava logo sobre Karl Marx! Educadíssimo, como sempre, o meu paciente esposo – para quem não conhece é o Professor Samuel de Jesus Duarte, exegeta bíblico, (graduado em Filosofia, Mestre e Doutor em Teologia Bíblica) – começou a definir o Materialismo e etc... eu digo etc porque eu, já disse, estava sonolenta e nem me lembro direito tudo que ele me falou... só me lembro do outro dia. Eu acordei com vergonha da cena que protagonizei. E pior, por ter levado Marx para nossa cama! Tinha que ter estudado até as duas da manhã para não cometer tal gafe.
Corri logo cedo para meus livros e o primeiro que encontrei foi Eric Hobsbawm, “Sobre História”. O que eu precisava saber mesmo, “bem sabido”, era sobre a Concepção Materialista da História sobre o que o autor da Escola Inglesa fala de maneira bem clara no capítulo “Marx e a História”. Ficamos rindo a semana inteira do episódio. Eu podia falar muitas coisas naquela hora, mas saiu isso. Só eu mesma!
Diante disso, achei prudente pesquisar um pouquinho mais sobre o tema. Na próxima coluna, postarei um texto sobre Marx na perspectiva historiográfica de Eric Hobsbawm. Além disso, desafio aos historiadores e filósofos de plantão: quem já tiver lido “O Capital” pode postar na nossa página seu comentário sobre o livro. Acho difícil de aparecer quem o tenha feito. No entanto, está lançado o desafio.
Por Magdarita Duarte

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